6.7.12

Oito anos?

De vez em quando penso neste espaço. Não o percorro muitas vezes mas sei que está aqui a marcar um tempo e várias histórias de um grupo de amigos.
Talvez renove o design. Talvez faça de conta que o tempo não passou.

18.10.09

São tantas as perguntas ao tempo que passa

Há quantos anos começámos este projecto? Quantas pessoas passaram por ele? Quantas recordações registam a nossa memória?
E, como em tudo, ficam as pessoas, os amigos, o crescimento. As pessoas, acima de tudo e sempre - gatos, ou não.

6.12.07

A propósito do céu

Achei este email um mimo e quero partilhar:

"A RHJ deu-lhes um voto de confiança e tratou de arranjar umas páginas brancas onde as palavras da Cristina Taquelim se pudessem encontrar com as ilustrações do Jorge Pereira. Durante meses palavras e ilustrações namoraram, foram-se acrescendo em cor,sentidos, sinais, muitas leituras e ao fim de alguns meses - os primeiros filhos tem sempre uma gestação imprevista - nasceu o " Malaquias" de parto natural, com pouco peso e do tamanho da palma da mão como convém a um pequeno albúm ilustrado. Nasceu e o Drº Bartolomeu Campos Queiróz, que assitiu ao parto disse sabedor: - este menino foi feito para todos os que acreditam que "para estar feliz num porto, é preciso ver para além do depois da linha do horizonte".

Talvez lhe apeteça ir espreitar, pois o dito " Malaquias " será lançado em Lisboa, na Fnac do Chiado, dia 8 de Dezembro pelas 18.00H e os autores gostavam de fazer o baptizado do "crianço" entre amigos. Um abraço. Taquelim"


Vou fazer por estar lá. O céu...


21.10.07

só o céu é o limite

mas é igualmente inspirador para irmos mais longe.

1.10.07

um brinde para o gato que saltou ...



Um dos nossos queridos gatos, o Teotónio, após várias provas de corpo, canto, dicção, monólogos e diálogos, foi seleccionado para interpretar outras vidas - pelo menos 7 -, e seguiu viagem ontem de manhã. Deixou-nos com um aperto na garganta de felicidade por correr pelo sonho e saltar pela arte.

Brindámos no sábado ao futuro dele e ao nosso. Na impossibilidade de usar as taças, por já estarem embaladas, recorremos à improvisação e lançámos a nível mundial uma linha moderna, dinâmica e amiga do ambiente.

21.7.07

os búzios que são fado

Ana Moura canta, de Jorge Fernando, o fado OS BÚZIOS, pelo qual muitos de nós nos apaixonámos. Há muito tempo que não sentia tão profundo a emoção do fado que reporta a sorte e os destinos que se se podem mudar.

Havia a solidão da prece no olhar triste
Como se os seus olhos fossem as portas do pranto
Sinal da cruz que persiste
Os dedos contra o quebranto
E os búzios que a velha lançava
Sobre um velho manto

À espreita está um grande amor
Mas guarda segredo
Vazio, tens o teu coração
Na ponta do medo
Vê como os búzios caíram
Virados pr'a Norte
Pois eu vou mexer no destino
vou mudar-te a sorte

Havia um desespero intenso na sua voz
O quarto cheirava a incenso mais uns quantos pós
A velha agitava o lenço
Dubrou-o, deu-lhe dois nós
E o seu Pai de Santo falou
Usando-lhe a voz

À espreita está um grande amor
Mas guarda segredo
Vazio, tens o teu coração
Na ponta do medo
Vê como os búzios caíram
Virados pr'a Norte
Pois eu vou mexer no destino
vou mudar-te a sorte

15.7.07

" ... "

Há memórias assim... Levam-nos quando vêm, trazem-nos do impossível que é lá ficar. E como um despertar, há músicas que são veículos. Perscrutar a sua passagem no acinzar do horizonte e demorar os sentimentos que quiserem acontecer… por te rever eternamente.


Por Te Rever

quisera roubar-te essas palavras e morrer

trazer-te assim até ao fim do que eu puder

e começar um dia mais eternamente

por te rever, só

pudesse eu guardar-te nos sentidos e na voz

e descobrir o que será de nós

e demorar um dia mais eternamente

por te rever, só

quisera a ternura, calmaria azul do mar

o riso o amor o gosto a sal a sol do olhar

e um lugar pra me espraiar eternamente

por te rever, só

pudesse eu ser tempo a respirar no teu abraço

adormecer e abandonar-me de cansaço

quisera assim perder-me em mim eternamente

por te rever, só


Mafalda Veiga in álbum "Cantar"

14.7.07

Mundo-mundo

O Mundo inteiro tal como é, dádiva ou pena, coisa longa e ligada que nos prende e torna e retorna e volta e revolta em nós, a favor ou contra ele, que sempre fez a menina-anoitecida pensar e repensar e acabar por aceitar. Mundo, coisa cheia de coisas e de novos lugares para lá dos velhos, que obriga à solidão conforme pede companhia, como um mundo depois do mundo, com ambiências-outras para lá destas, destas ligações de sempre, ora estranhas, ora doces.

Alexandre Borges in Flor do Mundo, Revista Magma - Número Quatro 2007

8.7.07

Uma noite para nunca mais


Nunca mais esquecerei esta noite, a primeira noite no campo, que fez da minha vida uma noite longa e sete vezes aferrolhada.
Nunca mais esquecerei aquele fumo.
Nunca mais esquecerei as pequeninas caras das crianças cujos corpos eu tinha visto transformarem-se em espirais sob um azul mudo.
Nunca mais esquecerei estas chamas que consumiram para sempre a minha Fé.
Nunca mais esquecerei este silêncio nocturno que me privou, para a eternidade, do desejo de viver.
Nunca mais me esquecerei estes momentos que assassinaram o meu Deus e a minha alma, e os meus sonhos, que tomaram a aparência de um deserto.
Nunca mais esquecerei isto, mesmo que tenha sido condenado a viver tanto tempo quanto o próprio Deus. Nunca mais.

Elie Wiesel in Noite

20.5.07

OFERTA

O que tenho para te dar? Uma gramática de sentimentos,
verbos sem o complemento de uma vida, os substantivos
mais pobres de um vocabulário íntimo - o amor, o desejo,
a ausência. Que frase construiremos com tão pouco? A
que léxico de paciência iremos roubar o que nos falta?

Então, ofereço-te uma outra casa. As paredes têm a
consistência do verso; o tecto, o peso de uma estrofe.
Abro-te as suas portas; e o sol entra pela janela de
uma sílaba, com o seu fogo vocálico, como se uma
palavra pudesse aquecer o frio que te envolve.

E pergunto-te: que outras palavras queres? A música
sonora de um ócio? O espesso manto com que o veludo
se escreve? O fundo luminoso do azul? Poderia dar-te
todas as palavras na caixa do poema; ou emprestar-te
o canto efémero em que se escondem do mundo.

Mas não é isso que me pedes. E a vida que pulsa
por entre advérbios e adjectivos esfuma-se depressa,
quando procuramos seguir a linha do verso. O que fica?,
perguntas-me. Um encontro no canto da memoria. Risos,
lágrimas, o terno murmúrio da noite. Nada, e tudo.

Nuno Júdice, in O Estado dos Campos

7.5.07

domingos

Creio que domingo, ou domingos, tal como os feriados, possam vir a ser excelentes temas de poesia.
Os domingos dos passeios tristes
os domingos tristes
os domingos cinzentos
nem sempre chuvosos
os domingos de ressaca
os domingos na cama
os domingos de preparação de
actividades para toda a semana
os domingos das tarefas domésticas
por oposição
aos domingos de nada fazer
por opção
pelo descanso
e reposição
de energias
o domingo estupidificante de passeio ao
centro comercial
o domingo que
o domingo

Também há aquele domingo fantástico, mas não sei se valerá a pena falar dele.

29.4.07

De volta

Dado que é várias vezes mencionada a falta de posts neste blog, vou tentar reavivá-lo. Os gatos continuam e estão de boa saúde. Reunem-se regularmente às Sextas-feiras e os livros são quase sempre o centro das atenções.

25.9.06

Feitiço

Enfeitiço-me pela letra f
Revejo-te nela na forma como caminhas
no teu ar fino recto e decidido
na forma franca como te expões
na felicidade estampada na face
quando me encontras
e falas e afagas
o meu rosto
na facilidade com que fintas
o destino e acreditas que
o feio se pode transformar em belo
na fé inabalável que tens no amor
e na força do querer

consoante fricativa labiodental surda
símbolo químico do flúor
símbolo físico de força farad frequência
símbolo matemático de função
abreviatura musical de forte
como tu